Transtorno depressivo: maior, recorrente e outros tipos

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A depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a estimativa é que 5,8% da população seja afetada pela doença.

Quando pensamos na doença, imaginamos uma grande tristeza, em que a pessoa busca apenas ficar reclusa. No entanto, se engana quem supõe que este quadro é único, existem diversos subtipos de transtorno depressivo.

O que é transtorno depressivo?

A depressão é uma doença psiquiátrica crônica que tem como sintomas tristeza profunda, perda de interesse, ausência de ânimo e oscilações de humor. Muitas vezes é confundida com tristeza ou ansiedade e pode levar a pensamentos suicidas.

O transtorno afeta a maneira como você se sente, pensa e lida com atividades diárias, como dormir, comer ou trabalhar, e devem estar presentes por pelo menos duas semanas para que um indivíduo seja diagnosticado.

Quais são os tipos de transtornos depressivos?

Transtorno depressivo maior

Se a pessoa começa a ter quadros depressivos recorrentes ou mantém os sintomas de depressão por mais de seis meses com uma intensificação do quadro, pode-se considerar que ela esteja passando por um transtorno depressivo maior.

As causas possíveis incluem uma combinação de origens biológicas, psicológicas e sociais de angústia. Cada vez mais, as pesquisas sugerem que esses fatores podem causar mudanças na função cerebral, incluindo alteração na atividade de determinados circuitos neuronais no cérebro.

Sintomas de transtorno depressivo maior

  • Humor deprimido durante a maior parte do dia
  • Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades durante a maior parte do dia
  • Diminuição ou aumento do apetite
  • Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia
  • Agitação ou atraso psicomotor observado por outros
  • Fadiga ou perda de energia
  • Sentimentos de inutilidade
  • Sentimento de culpa excessiva ou inapropriada
  • Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou um plano específico para cometer suicídio

Transtorno depressivo menor

O transtorno depressivo menor, também conhecido como depressão menor, é um transtorno do humor que não atende a todos os critérios para um transtorno depressivo maior, mas pelo menos a dois sintomas.

Esses sintomas podem ser observados em diversos transtornos psiquiátricos e mentais, que podem levar a diagnósticos mais específicos da condição de um indivíduo. O transtorno depressivo menor difere do maior no número de sintomas presentes, já que o segundo é necessário que haja cinco ou mais sintomas.

Ambos os transtornos requerem humor deprimido ou perda de interesse ou prazer nas atividades normais para ser um dos sintomas e os mesmos precisam estar presentes por duas semanas ou mais.

Transtorno depressivo persistente

Também conhecido como distimia ou transtorno depressivo recorrente, é um humor deprimido que dura pelo menos dois anos. Uma pessoa diagnosticada com transtorno depressivo persistente pode ter episódios de depressão maior, juntamente com períodos de sintomas menos graves.

O quadro muitas vezes não é diagnosticado, pois é confundido com mau humor e com o jeito de ser da pessoa. O número de sintomas muitas vezes oscila acima e abaixo do limiar para episódios depressivos maiores.

Sintomas do transtorno depressivo persistente

  • Melancolia
  • Pessimismo
  • Mau humor
  • Comportamento mais introvertido
  • Comportamentos mais hipercríticos de si mesmos e dos outros
  • Pessoas TDP também têm maior probabilidade de apresentar transtornos de ansiedade
  • Transtorno por uso abusivo de substâncias
  • Transtornos de personalidade subjacentes, por exemplo borderline

Depressão bipolar

Alguém com transtorno bipolar vive episódios de humores extremamente altos e baixos que atendem aos critérios de depressão maior (chamado “depressão bipolar”).

Uma pessoa com transtorno bipolar também experimenta estados altamente elevados – eufóricos ou irritáveis ​​- chamados de “mania” ou uma forma menos grave chamada “hipomania”.

Sintomas da depressão bipolar

Os sintomas apresentados na fase de depressão são os mesmos de um episódio depressivo. Já nas fases de euforia, o paciente pode apresentar sintomas como:

  • Agitação
  • Ocupação com diversas atividades
  • Obsessão com determinados assuntos
  • Aumento de impulsividade
  • Aumento de energia
  • Desatenção
  • Hiperatividade

Depressão atípica

Normalmente os quadros de depressão costumam ser melancólicos, em que o indivíduo apresenta principalmente tristeza, pensamentos de morte, desesperança e sentimentos de inutilidade.

No entanto, é considerada depressão atípica quando o humor melhora temporariamente em resposta a eventos positivos.

Sintomas da depressão atípica

Pessoas com esse quadro possuem geralmente dois dos seguintes sintomas:

  • Reação exagerada a críticas ou rejeição
  • Sentimentos de paralisia de chumbo (sensação pesada ou de peso, geralmente nas extremidades do corpo)
  • Ganho de peso ou aumento de apetite
  • Hipersonia

Depressão sazonal

A depressão sazonal é caracterizada por episódios de tristeza relacionados a épocas específicas. Um exemplo são os casos de depressão durante os meses do inverno ou outono, quando há menos luz solar.

Existem outros tipos ligados a datas específicas. Por exemplo, as festas de final de ano são um período em que isso ocorre bastante, devido ao período de reflexão.

Depressão pós-parto

É muito mais grave do que o “baby blues” (sintomas relativamente baixos de depressão e ansiedade que normalmente desaparecem dentro de duas semanas após o parto).

As mulheres com depressão pós-parto experimentam sentimentos de extrema tristeza, ansiedade e exaustão que podem dificultar que elas completem atividades de cuidados diários para si ou para seus bebês.

Depressão psicótica

Trata-se de uma categoria atípica de depressão maior, onde as pessoas demonstram sintomas psicóticos e comportamento depressivo geral ao mesmo tempo.

Este é considerado um tipo de depressão grave, mas costuma ser raro. No entanto, qualquer pessoa pode desenvolvê-lo, e não só quem tem histórico de psicoses na família.

Sintomas da depressão psicótica

  • Delírios muitas vezes envolvendo ter cometido pecados ou crimes imperdoáveis
  • Alucinações de portar transtornos incuráveis ou vergonhosos
  • Delírios de ser perseguido.
  • Ouvir vozes acusatórias ou condenatórias ou visuais

Transtorno Misto Ansioso e Depressivo

O DATASUS (Departamento de Informática do SUS) define o transtorno misto ansioso e depressivo como “Outros transtornos ansiosos” aqueles identificados pela presença de manifestações ansiosas que não são desencadeadas exclusivamente pela exposição a uma situação determinada”.

“Podem se acompanhar de sintomas depressivos ou obsessivos, assim como de certas manifestações que traduzem uma ansiedade fóbica, desde que estas manifestações sejam, contudo, claramente secundárias ou pouco graves”.

É definido quando o sujeito apresenta ao mesmo tempo sintomas ansiosos e sintomas depressivos, sem predominância nítida de uns ou de outros, e sem que a intensidade de uns ou de outros seja suficiente para justificar um diagnóstico isolado.

Quais as causas do transtorno depressivo?

A depressão envolve diversas doenças, por isso é denominada como síndrome e, então, classificada como doença psiquiátrica crônica.

Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células.

Alguns fatores podem facilitar o surgimento dessa patologia. São eles:

  • Abusos físico, sexual ou emocional
  • Uso de medicações específicas: Alguns elementos químicos, como a Isotretinoína (usada para tratar a acne), o antiviral interferon alfa, e o uso de corticóides, podem aumentar o risco de desenvolver depressão
  • Conflitos
  • Luto
  • Genética: Um histórico familiar de depressão pode aumentar as chances de desenvolver a doença.
  • Eventos negativos, como ficar desempregado, divorciar-se ou se aposentar
  • Isolamento
  • Baixa autoestima.
  • Doenças graves: Às vezes, a depressão pode coexistir com uma grande doença, como por exemplo, o câncer. Ou, então, pode ser estimulada pelo surgimento de um problema de saúde.
  • Abuso de substâncias como álcool, cigarro, remédios e drogas ilícitas.

Como diagnosticar transtorno depressivo

É recomendada a procura por um profissional especializado. O diagnóstico é feito com base nos sintomas apresentados, em como a pessoa se apresenta fisicamente e emocionalmente no momento e em uma breve análise do seu histórico de vida e familiar.

Além disso, a depressão é classificada de acordo com a sua intensidade – leve, moderada ou grave. Portanto, o especialista precisa fazer uma avaliação para entender que condições te levam a ter depressão e como amenizá-la.

Tratamento

A depressão leve pode ser tratada com suporte geral e psicoterapia. A depressão moderada e grave é tratada com medicamentos, psicoterapia ou ambos.

Inúmeros estudos controlados mostraram que a psicoterapia, particularmente a terapia comportamental cognitiva e terapia interpessoal, é eficaz em pacientes com transtorno depressivo maior, tanto para tratar os sintomas agudos como para diminuir a probabilidade de recaída.

Alguns dos remédios usados para tratar depressão são:

  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina
  • Moduladores da serotonina
  • Inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina
  • Inibidor de recaptação de dopamina e noradrenalina
  • Antidepressivos heterocíclicos
  • Inibidores da monoaminoxidase
  • Antidepressivo melatonérgico
  • Fármacos do tipo cetamina

Como ajudar alguém com depressão?

Neste período de instabilidade, é comum que os indivíduos que estejam passando por esse sofrimento não tenham a motivação de seguir corretamente o tratamento ou ainda desistam da terapia com frequência.

O suporte familiar e de amigos é essencial para que essa pessoa consiga se curar.